sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Somente lembrando o que um dia pareceu ser intensamente meu. E hoje é menos.

Rodeio de touro
Pés descalços, pelados como o corpo farto. Traduzido em formas pelo jeans desgastado e sujo. 

É de cênicas encantadas. De têmporas expansivas. É talhado por tablado. É devoto à boemia de Baco. Em teus olhos agrestes acatingados os meus são forjados em vidro. Estáticos. São fundos. Pretos alcoólicos. Embriagam-me. Me entorpecem. Inocentam-te. 

Recorro – impetuosamente - a te percorrer. Sigo sua pele ocre craquelada do Acre. Das imponentes costas encarrilhadas às sinuosas nádegas de charque rijo. Tomam-me. Encharco-as. Nariz arrebitado que descende de grego. Mordo, lambo, chupo. Pressiono teus braços, de veias áridas. Remexo o rio doce de cabelos ondulados em suaves cachos. 

Laça-me em laço amarrado. Sou touro valente, bato rebato. Me encontro. Acalmo-me em ti. Em nó tramado bem-dado. Benfeito.

quarta-feira, 20 de março de 2013


      Rafael Guerche
      oi 
        deixa eu te perguntar uma coisa... vc nem leu os meus textos né?
  • André Cezar Mendes
    li alguns que vc postou no face, mas tudo não...
    aqueles arquivos que vc me mandou completo n
    • Rafael Guerche
      leu os do face?
      o que me diz... rs
      ?
      • André Cezar Mendes
        Gosto quando você usa o Lemisnki dizendo que o amor "se transforma numa matéria-prima". Quando acrescenta questões se acaba ou se trasnforma, ou se são inacabadas isso pra mim não são mais questões em relação ao amor
        Acho que é fechar a suspensão do tema e chegar no amor cotidiano.
        Fico pensando por que se perguntar se o amor é inacabavel
        é como encontrar matéria prima de melancolia
        • André Cezar Mendes
          E, em outra quando fala : o amor não dói, acho pouco, pq o amor sai do espaço de mistério e possibilidade pra operar um campo que aceita certezas, como o fato dele não doer.
          O que dói é a incompreensão
          O desamor
          Os aparentes e os quase insignificantes desafetos
          Dói a ausência
          E tudo aquilo que poderia ter sido...
          O último abraço
          O último olhar
          O beijo definitivo
          O adeus, que pela nossa covardia, não nos permitimos...
          Dói o que fizemos com tudo isso que não foi.
          • Rafael Guerche
            nossa vc leu mesmo  , o engraçado é que vc acompanhou as últimas coisas que eu postei e não as compartilhei pra vc ler, é como se vc olhasse não para onde eu me apontei, mas para onde o seu interesse te despertou, isso me deu a sensação de estar sendo visto, e é estranho, não sei como explicar...
            por que eu me pergunto sobre amores inacabados?
            hum... não sei. também estou buscando este porque, sinto que ele está em algum lugar e vou encontrar.
            • Rafael Guerche
              mas eu intuo que já não temos mais tempo para finalizar mais nada, as coisas se perdem, se liquefazem
              permanecem inacabadas e intocadas
              despertencidas
              • Rafael Guerche
                e é tudo tão rápido e inacabado, que posso te encontrar neste café que ainda não conseguimos marcar, mas acontecerá quem sabe... te amar no início do café, durante o café e quando formos pegar o metrô e vc seguir o seu destino e eu o meu, a experiência do café se perderá na velocidade, nos encontros e nos desencontros do metrô, rs... claro o maor tbm pode se acabar antes mesmo do café acontecer, pode se acabar na espera, claro estou tratando do amor aqui como uma metáfora, não estou dizendo que te amo, ou vou ao café intencionado te amar, estou chamando de amor alguma outra coisa que talvez eu nem saiba nomear... ufa, rs
                • André Cezar Mendes
                  Eu tenho uma outra visão em relação a isso. Acho que o amor na "pós-modernidade" tem outras potencialidades e é como uma micropolítica, que se faz, se realiza, às vezes intuitivamente e outras conscientemente ( esta acredito pode chegar as suas maiores possibilidades). Nesses espaço de melancolia do amor reprimido, recusado, traído, que acabada, de desafeto e desamor, o amor "pós-moderno" não encontra potencialidades novas e se resume ao individuo ciumento, sofredor, capitalista, carente, possessivo, melancolico. O amor deve ser mais que isso. Deve abrir espaço no sentido social da atual existência para modificações e transformações absurdas do homem. Tenho cada vez mais a impressão de que esse amor que você fala que pode acabar na entrada do metro e despedida do café não é o amor que podemos ter, mas uma ilusão do desejo de amor, que se cegamente atralado a maneira como vem sendo construido nosso amor, monogamico, capitalista, genital, capital, funciona na mesma lógica do produtos comerciais que acabam loga pra que se arranje (compre) outro. Enfim, quero dizer muitas coisas, mas o que mais quero dizer é que o amor não é dor, em essencia. Nem essencia o amor tem. Ele é como o queremos. E eu quero uma amor que modifique.
                  • Rafael Guerche
                    lindo isso!!!! ai se eu pudesse usar este texto que escreveu, rs... talvez não consiga perceber, mas estou dizendo a mesma coisa que vc e quando uso o amor do metro pra exemplificar... não é o amor que eu acredito, mas o jeito de mar que mesmo acidentalmente nos esbarramos, pq sim queremos um amor diferente, que nos modifique, isso é lindo, mas em que mundo vivemos, como amamos, mesmo?
                    • Rafael Guerche
                      ah... e o amor que queremos também pode ser tão egoísta e individualista... como o amor capitalista, porque ainda é só o que queremos, e sempre não vamos querer uma mesma coisa, vc sempre vai querer aquilo que eu não quero e eu vou querer o que vc não quer... só nos restarão os acordos, também produto de uma sociedade pós-moderna, onde tudo está sob controle, até o que queremos, rs
                      • André Cezar Mendes
                        quando digo no amor como micropolítica é porque só ele pode atravessar esse controle social . É inexorável a esse amor "novo" o fato de realizar seus desejos e que são só seus. Nesse amor que modifica existe espaço pro meu desejo - o que vc chama de egoísmo - e pro do outro, pro que ele quer e pro eu quero.
                        • André Cezar Mendes
                          sem ferir, sem dor e sem sofrimento
                          • Rafael Guerche
                            sabe que acabamos de fazer uma performance? eu compartilhei uma coisa com vc, vc também compartilhou e depois jogamos o nosso diálogo privado em meio a um meio de comunicação virtual, portanto público... vi que postou o que me escreveu, rs... ou seja me multiplicou em tantos outros interlocutores. 
                            • Rafael Guerche
                              percebe agora como tudo é tão rápido... rs
                              há alguns segundos o que era só nosso agora é público  ... é por isso que isto me move neste momento... histórias curtas sobre amores inacabados
                              • André Cezar Mendes
                                mas a rapidez não é a causa do amor se acabar, ela pode ser um motivo pelo qual não se entende as potencialidades amorsas
                                • Rafael Guerche
                                  mas eu estou dizendo que o amor não acaba, estou dizendo que ele é inacabado, porque ele se transforma... do café pro metrô
                                  de uma conversa privada que se torna pública e deixa de ser só uma uma realidade entre dois e se torna uma performance virtual
                                  • André Cezar Mendes
                                    sim, capaz tbm de modificar!
                                    • Rafael Guerche
                                      e depois de tudo isso... só resta uma coisa... o café? rs
                                      hahahaha,olha lá o que uma amiga sua escreveu que louco.... rs
                                      • André Cezar Mendes
                                        hahahzahahahaha
                                        • Rafael Guerche
                                          sobre o café, rs
                                          • André Cezar Mendes
                                            demais né
                                            nosso café aconteceré, logo, tudo deste lado fique mais tranquilo. Mas o café será!

                                          sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

                                          O fim do mundo é a prisão eterna






                                          Vivi em sonho o fim do mundo. Primeiro, minutos antes do apocalipse, esperava uns pais de amigos irem ao museu. Depois sentava em uma longa mesa de bar com pessoas de vários lugares e conversávamos. Me sentia desloca por que não havia copo de vidro para mim; onde disseram coisas que me feriram, por ficarem por demais no limite da verdade e da mentira. De repente, umas substâncias, ora melequentas ora em estado de fumaça,  dolorosamente coloridas surgiam de todos os lados. O mundo era uma larva de vulcão que esocorria fria em cores de universo. Os astros todos se mostravam na substância. Éramos engolidos. Comecei a correr com um amigo. Artur. Corríamos, para fugir, ou para, apenas, correr. Sabíamos que não tínhamos mias jeito. Logo, ele é engolido pela larva. Neste momento estávamos em um corredor de paredes de metal. Ele já havia sumido, quando me dou conta que não fui puxado pela gosma como tudo que existia. Me dou conta de que o mundo não me sugou. E, por fim, percebo que o fim do mundo era aquilo. Ser sugado por tudo significa morrer. Morre encontrar a  todos em algum sentido. O fim do mundo é mais árduo. O fim do mundo é ficar preso no escuro de uma terra de crosta seca de vulcão, sem nada, sem ninguém, sozinho. 

                                          terça-feira, 25 de setembro de 2012

                                          Visitar a Lapa depois de tê-la encontrada decaída e assombrada no livro Lábios que Beijei, de Aguinaldo Silva, é como retornar a um território que já foi seu.
                                          Os arcos são meus. Essas ruas e esses mendigos, que antes foram os maestros das mesmas ruas, são conhecidos antigos e me cumprimentam como rainha. 

                                          A Lapa, charmosa, guarda solta nas ruas seus inúmeros alemães – reis do crime e temidos por todos; são tantos. O Aguinaldo de antes não aguentaria(acredite!)
                                          Continuam a surrupiar e deixar doidos os aguinaldos, a tal ponto que se integrem carnalmente ao sistema. Para não repetir! Não repetir! 
                                          E são tantos aguinaldos...

                                          Os telhados continuam sendo pulados por bandidos e amores... Débora aparece atravessando a rua, usa um cachecol, rasteiras e uma saia. Quem a vê, sabe que outrora fora um executivo descendo de taxi, que outrora fora uma bichona, que alçava voos.

                                          Aqui as pessoas gritam quando não é assalto. Riem alto e são corteses quando a moça passa e repassa, enganada, com as rosas de seu vestido... Se acredito em entidade é porque estou na Lapa. Aqui os estrangeiros tecem seus vestidos com lenços hermès.

                                          As moças tem braços fortes e falam escorregando a língua, preguiçosa, nos dentes inferiores. A água de suas bocas escorre, veemente, pelas encostas dos dentes e é interrompida pelo lustre grosso dos lábios. 

                                          As janelas altas dos prédios antigos olham tudo; a vigiar que o mundo não acabe com a Lapa. E, assim, os desvalidos não fiquem sem calçadas para dormir, gringos para impressionar e esquinas... para que uma escritora deposite, suavemente, sua máquina de escrever.

                                          segunda-feira, 27 de agosto de 2012

                                          Sem nome


                                          Obnubilada, minha brasa desce cortante a rua augusta
                                          Somos totais poderio e cantata de uma só roldana enferrujada
                                          Quisera correr os lírios campos, mas descobrira que sem um vestido de véus
                                          O vento não sopraria.
                                          Sigo descendo a pedraria.
                                          Retendo braços que não ficam quietos - de maneira alguma -
                                          Por estarem muito perto da essência encarnada
                                          Eu vou só.
                                          Com os olhos secos, o peito sem jeito e a lua escondida.
                                          Vejo, mas não há mais jeito, meu amor.
                                          Passou.
                                          Se pular na frente deste caminhão de lixo,
                                          Morro físico.
                                          E o olhar triturador do critico me perseguirá na eternidade.
                                          -       Que me importa tudo isso?
                                          Se meu coração se abre é por ser inumano. E só.
                                          Continuem humanos, seu academistas miseráveis
                                          Prefiro morrer de amor.
                                          E os braços ao vento, como anáguas imperdoáveis.
                                          O paraíso é não entender.
                                          Pularei todos os estágios ingloriosos,
                                          À procura de um gato chamado Francisco.
                                          Só eu entendo a sua insuficiência.
                                          Quem mais? A critica de tapa nos lombos,
                                          Ou o tendência que tu tanto odeias.
                                          Vai-te a merda, bocuda.
                                          Tens razão de sobra pra me odiares.
                                          E eu?
                                          Que razão tenho para descer uma rua inteira
                                          Me odiando.
                                          Não sou mártir,
                                          Sorvo vinho por amor a mim.
                                          De que tira tudo isso, meus braços galopantes?
                                          Que devo arrojar-me sem saber e entrar no negrume deste secos.
                                          Que mereço, meu Deus?
                                          Dois tapas e só?
                                          Eu quero pior.

                                          Um soco acima da minha donzelice,
                                          E basta. Para que eu morra e renasça.
                                          Podendo ser tudo.
                                          No mês que vem descerei de novo a mesma rua,
                                          A mesma lua será tetra num céu negro,
                                          Ó Deus meu, que eu seja o mesmo,
                                          Menos lastimoso e mais afável.
                                          Que exista delícia nas minhas entranhas
                                          Entre elas.
                                          Por que agora a vontade de morrer é inteira em mim,
                                          Embora a cachimônia seja outra.