terça-feira, 12 de agosto de 2008




Poucos artistas são tão importantes quanto Lenine Alencar no cenário atual da cultura Riobranquense. Lenine além de dirigir e atuar em alguns grupos teatrais, é o presidente da Federação de Teatro Amador do Acre - FETAC, que tem como objetivo auxiliar no trabalho de produção artística dos grupos teatrais. Com tanta responsabilidade em mãos, se imagina o quanto é difícil para o presidente da FETAC dirigir cerca 20 atores em cena. Mas ele o faz(para admiração de muitos), é Lenine Alencar quem assina a direção do Espetáculo Comedia Del'Acre, que entra em cartaz esse mês no teatro de Arena do Sesc. O Comedia é uma experiência difícil, e até arriscada, que surgiu por meio de uma oficina de teatro ministrada por Nonato Tavares (que tem um trabalho também admirado por muitos em Manaus, além de ser uma grande amigo de Lenine e sua Família), os adereços, os figurinos e boa parte da direção se devem a ele. Uma das coisas que se mostra interessante nessa montagem é uma mistura, um tanto quanto perigosa mas que se mostrou dar certo, de atores experientes com gente nova. Não será difícil ver atores como Sandra Buh, Tancredo Silva, o próprio Lenine Alencar( e a lista é longa) contracenando com calouros do teatro, mas essa mistura, muito comentada no Festival de Teatro, tem sido enriquecedora tanto para os novatos quanto para os mais experientes(para poupa-los de termos chatos). É uma temporada rápida, mas promissora pois antecede a apresentação em um festival de Porto Velho, que será a primeira viagem(de muitas, creio eu)com a peça. Então anotem aí: Dias 22, 23 e 24 de agosto, 20:00 horas, no Teatro de Arena do Sesc. Compareçam!











Sobre o enredo da peça?Digamos que um pouco da dramaturgia poética de Shakespeare, a Comédia pioneira de Aristófanes;e pra contrabalancear o Drama de Sófocles e a denuncia de João Cabral de Melo Neto; o poder tragicômico do Nelson Rodrigues, a folia de Marcio Souza; e costurando tudo isso Millôr Fernandes.
Ah, quer saber, só vendo mesmo ;)

Recomenda-se também:
A Cia. Trupe do Banzeiro apresenta no Theatro Hélio Melo, o espetáculo infantil “Mistério no Reino de Catiripimpim”.Todos os domingos deste mês, sempre às 17h. Entrada: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).

sábado, 9 de agosto de 2008

Malamados


somos triste,
e amamos pouco.
olhamos o mundo de cara fechada.
Cuidado! se encontrarmos um fio empurraremos seu rosto no chão.
Nascemos sem a pretensão da amizade e para que nos odeiem mais do que nos amem.
somos, se homens, barbudos e magros ( pois a gordura trás uma certa simpatia em suas dobras), se mulheres, somos finas e fechadas, feias quase sempre.
Somos o que você procura esconder ao nascer dos dias.
Somos, apenas nós mesmo,
e amamos pouco.


Audrey F.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Para os anjos meus.



'Vai menino, sonha! Sonhe com a alma da tua cor;viva com as emoções mais claras, e não deixes jamais, que te tirem essa vivacidade, esse presente que ganhastes quando concebido por Deus!Não deixes que os outros, com suas simulações o afete, ou pior, afete seus sonhos. Seja forte, como um homem de aço, e esconda, não para as pessoas importantes, um coração úmido e alto, alto de amor, alto de luz, alto de vida! Alto como seus sonhos'

Despedida

Permite que eu deseje, agora, tomado e vencido pelas urgências que de mim exigem, um canto de sono e preguiça onde ainda não se tenham inventado o telefone e o relógio. Deixa que eu seja pessoal em mais uma crônica para, ao medo das tarefas que se me impõem, querer, ardentemente, que não tirem do rol das pessoas úteis, que me esqueçam e que me abandonem, que me larguem, enfim, onde seja lícito viver ignorado e despercebido. Sinto-me vazio de poesia, esgotado de um resto de doçura que tanto prezava e, coagido pelos que revendem minhas idéias, dói-me o tempo e o esforço gastos, os ardis e os truques que emprego para arrumar palavras e construir frases de efeito. Lamento enganar a todas. Permite que eu deseje, agora, um silêncio que me contagie de tristeza, uma calma boa e definida para, num momento espontâneo e sossegado, escrever as grandes definições, as palavras que me envaideçam, os versos e as cantigas que me elevem, querida, à glória e à resolução do teu desmesurado amor. Através dessa janela vejo coisas que, antigamente, eram poderosas e fecundas. O céu repete o azul de tantas tardes acontecidas em maio, as últimas quaresmeiras do verão agonizam na saia do morro, os homens martelam a pedreira... e eu não sinto vontade de rir ou de chorar. Na rua, arrastando uma corrente eterna e incompreensível, passa mais um caminhão da Standard Oil... e eu não sinto nenhum vexame político, nenhuma revolta social. Por isso e pela descrença que em meu espírito se acentua, permite que eu deseje ser só — ou teu somente — num lugar do mundo onde os gritos não tenham eco, onde a inveja não ameace, onde as coisas do amor aconteçam sem testemunhas. Livrem-me da pressa, das datas, dos salários e das dívidas e a todos serei agradecido, num verso submisso. Livrem-me de mim, de uma certa insaciabilidade que apavora e de todos serei escravo numa humilde canção. Permite que eu só queira, agora, esse canto de sono e preguiça, onde não necessite dos atletas, onde o céu possa ser céu sem urubus e aviões, onde as árvores sejam desnecessárias, porque os pássaros se sintam bem em cantar e dormir em nossos ombros.

Meu Maria