domingo, 28 de fevereiro de 2010

"Sou um pobre garoto apaixonado e silencioso que, quase como o maravilhoso Verlaine, tenho dentro uma açucena impossível de regar e apresento aos olhos bobos dos que me olham uma rosa muito encarnada, que não é bem a verdade do meu coração"

FEDERICO GARCÍA LORCA

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010






"Não, não fuja não Finja que agora eu era o seu brinquedo
    Eu era o seu pião o seu bicho preferido
Vem, me dê a mão A gente agora já não tinha medo
       No tempo da maldade Acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal Que o faz-de-conta terminasse assim
  Pra lá deste quintal Era uma noite que não tem mais fim
    Pois você sumiu no mundo Sem me avisar
           E agora eu era um louco a perguntar O que é que a vida vai fazer de mim"











João e Maria.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Essa casa não precisa de mais choros.

A casa por muito tempo tinha sido inundada de lágrimas. Eram lágrimas cristalinas, iguais às águas doce-claras. Não pareciam ser de dor, mas eram. De onde viam, ou porque emanava tal qual cachoeira, ninguém saberia responder. Nem os olhos de onde caem. Corriam boatos de que vinham da família que há muito habitava aquela casa. O que eu particularmente não acredito, é triste imaginar uma família de choradeiras, as quais não parassem nunca. E não é possível que em um momento um membro não se secasse de lágrimas, e exigisse: Essa casa não carece de mais choros!
Afinal, a família vivia bem. E segundo me disseram, eram apenas dois meninos, um pai, uma mãe, e um vó, mas esse passava mais tempo na alegria das casas alheias, não convém então considerá-lo parte da família. Pronto, quatro corações e muitas lagrimas. Dizem também, que os problemas eram diversos. Os pais tinham os pulsantes fracos. Dos filhos, o menor saíra chorando do ventre materno e parece não ter aprendido outra coisa no mundo. O maior parecia sempre sofrer. De tédio, de medo, ou de pensamentos, e principalmente de amores. Era um sofredor.
E chorava, chorava feito gente grande.


A casa era assim um oceano dos mais translúcidos. E poucos ousaram adenadar naquela casa. Eu tentei, e tento até hoje, por isso tenho minhas dúvidas sobre tamanho sofrimento. Toda vez que cruzo o quintal a porta principal me está sempre fechada. Bato, corro para as janelas. Até quebrar o vidro eu já tentei, mas nada me põe lá dentro. Nem o meu choro aqui fora.