domingo, 28 de dezembro de 2008

Pago o amor dos que se doam para mim, e dou amor aos que se vendem. acordo como que querendo algo que não existe em mim, carinho. Sambarei no teu tórax novamente, sempre que as tuas carnes fracas recaírem, como no de todos os outros que virão e nos que se apagaram.
Podia ter nascido uma pessoa melhor, mas sou aquilo que quando me dou por mim vocês têm medo de mostrar. Sou um sexo papai/mamãe careta transvestido em fantasias escondido em algum motel de luxo. E só ando para frente. Não sou filho extraviado da Suíça, muito menos um amigo pseudo-intelectual carinhoso, nem um irmão assim assado e jamais serei um amante verdadeiro. Essa lição a vida não me ensinou. Somos movidos, eu e o meu sexo, salvo que o último tem mais razão, por ondas externas a qualquer comparação desprezível que vocês possam fazer.
Podia ter nascido uma pessoa boa, daquelas que cuidam bem do corpo. Eu bebo, fumo e faço sexo sem amor. Vou morrer cedo, em alguma cama. Mas que isso não se siga, quero morrer num palco onde sou eu e minha verdade, sem os arrependimentos ou ressaca moral com que alias minha mente nunca se preocupou em provar, mas que existe em algum lugar da minha consciência equivocada.
Agora durmo, como se nada tivesse acontecido, e peço desculpas como se tivesse pingado vinho no seu vestido branco, sem nem sentir. A vida também me ensinou a pedir desculpas corriqueiramente, como quem diz por favor.

Então, desculpa?

Agora, deitado a cabeça no travesseiro, já nem lembrando por que escrevo, peço que o teu sono, Maria, me tome e me leve, por amor ou seu andar, assim seja.

domingo, 14 de dezembro de 2008

E nós

talvez possamos escrever no grande quadro-negro incolor do espaço, como alunos aplicados, as primeiras palavras inexistentes da poesia que não foi.

novembro de 1964