Eu estou começando a pensar com sotaque.
Que medo de me ouvir falando.
O Tempo
A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz
E passar rápido pra mim
Parece que até jantei
Com toda a família e sei
Que seu avô gosta de discutir
E sua avó gosta de ouvir
Você dizer que vai fazer
O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim
Espero o dia que vem
Pra ver se te vejo
E faço o tempo esperar como esperei
A eternidade se passar
Nos meus segundos sem você
Agora eu já nem sei
Se hoje foi anteontem
Eu me perdi lembrando o teu olhar
O meu futuro é esperar
Pelo presente de fazer
O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Distante é devagar
Perto passa bem depressa assim
Pra mim, pra mim
Se o tempo se abrir talvez
Entenda a razão de ser
De não querer sentar pra discutir
De fazer birra toda vez
Que peço ao tempo pra me ouvir
A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz
E passar rápido pra mim
Eu que nunca discuti o amor
Não vejo como me render
Ah! Será que o tempo tem tempo pra amar
ou só me quer tão só?
E então, se tudo passa em branco eu vou pesar
A cor da minha angústia
e no olhar
Saber que o tempo vai ter que esperar
O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim
Movéis Coloniais de Acajú
Vila Rica era uma cidadela comum. Não muito diferente de todas as outras do mundo, continha ruelas, um rio forte e cortante e só se diferenciava das outras por ter um sol muito próximo que fazia o asfalto evaporar e quase nenhuma brisa. Os únicos ventos conhecidos eram os que traziam as paixões. E eram esses os ventos responsáveis pelo vôo desordenado dos lençóis de Joana Antunes.
E como nem todos nascem para o amor como Joana quase nenhum vento visitava Vila Rica, de forma que era o sol quem comandava os costumes da cidade. E estava decretado há muito tempo que no horário das doze às duas da tarde era a hora do sol descer e ficar tão perto de Vila Rica que qualquer desavisado que se atrevesse a manter as portas abertas, os ventiladores desligados ou a andar pela rua aquela horário morreria vermelho e seco como madeira de cupim.
Uma prova da eficiência do calor se deu quando Josemar Luaudo, o entregador de ovos, corria desesperado para casa, pois faltavam apenas cinco minutos para a hora infernal, e sem perceber deixava na calçada uma trilha de ovos espatifados até que entrou em casa e só havia dois ovos dos cinqüenta que precisava entregar.
Quando, as duas e quinze, Josemar Luaudo saiu às ruas em busca de reparar o estrago, percebeu que os mendigos faziam a festa comendo na calçada pois os ovos haviam fritado.
Luiz Gepeto não conseguia ver outra mulher em sua vida que não fosse Joana Antunes, e não fazia nada para esconder nem dela nem de ninguém a efusão interior externada no suor frio das mãos que a imagem de Joana lhe causava.
Por nunca ter sido tão amada Joana aceitou e namoraram durante 2 meses e 24 dias. Só que algo perturbava aquela jovem, sentia que a qualquer hora podia bater-lhe no rosto a brisa fina da paixão de maneira que preferiu olhar fundo nos olhos intranqüilos de Luiz Gepeto e dizer-lhe que não queria mais, quando na verdade queria ter dito que se sentia perdendo tempo com alguém como ele enquanto poderia estar envolta nos braços de um outro que lhe fizesse sentir o voo dos pássaros na barriga e a efusão de anseios que eram sintomas do amor.
O rapaz que a amava de forma doentia tomou um destino triste, e fez contra a amada coisas com o coração amargurado que se fazem melhor longe desta história. Porque inclusive a nossa protagonista nem se lembra mais das burrice deste pobre e guarda no peito apenas um sorriso apaixonado quando o assunto é Luiz Gepeto.
A partir de então Joana Antunes conservou o hábito de lavar a roupa do amor com as jasmins do quintal e estende-las na sacada para apreciar o voo dos lençóis enquanto, no seu apartamento vazio, fumava escondido o cigarro de sua solidão.
Sentada Joana Antunes lembrava dos amores contrariados, dos prazeres perdidos e não entendia porque merdas tinha chegado aquele extremo. O extremo de ser só. Como podia uma mulher dotada de conhecimentos encontrar-se assim, daquela maneira. De qualquer forma tinha a lembrança como uma companheira fiel. A verdade é que a vida de Joana Antunes a transformou em uma mulher nostálgica. Sentia falta de tudo, e o cheiro de jasmim lhe lembrava os amores da vida e a malícia infantil.
Durante a infância sempre fora a primeira a propor as brincadeiras de desafios pois sabia muito bem onde iriam chegar, de forma que quando completou dez anos já havia visto nú quase todos os meninos de Vila Rica. Joana nascera para o amor, porém aos quatorze descobriu os prazeres das partes baixas com os rapazes do mercado, e enganou-se pensando que aquilo era amar. Esse engano perdurou a vida inteira.
Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires algum jeito de esquecer que ele pode ser feliz com alguém que não é você.
Caio Fernando Abreu
Eu sou uma pessoa cheia de máscaras e preconceitos. E nós vivemos cansados; Nós, meus pés, meus olhos e meu coração. Por hoje não seja tão cruel comigo. Não me olhe assim. Nem fale bobagens. Dói. Ai, aquelas palavras de consolo que tanto me fazem falta e que poderiam muito bem substituir as suas, as de vocês. Queria poder ser assim como você livre e fascinante, mas as minhas máscaras são por demais pregadas nas minhas vísceras de escorpiano. E ai signo maldito que me fez acreditar poder sim haver lógica no que pronunciam os astros. A minha dor se pronuncia calada nas horas de felicidade.
A verdade, meu bem, é que eu sou um ser inseguríssimo. Que sofre por demais o fato de não ser aquilo que sonha. E por mais que apague todas as chamas, todas as pequenas esperanças sempre há um maldito momento no qual me pego sonhando de novo. E, é essa esperança que me acaba, que me destrói. Quisera eu poder esquecê-la, ensopá-la num rio corrente de água fria. E viver, assim, uma vida menos como essa que me faz deixar aqui as palavras e escorregar no repouso e no consolo encontrado somente no sono do meu quarto.
.Disse. Lembra aquele sarau perto do DCE, em que tocou Los Porongas? Pois é, teve uma história que o reitor tirou todas as sinucas porque tinha gente transando em cima delas. E foi mesmo na hora em que o Diogo disse,Protesto contra o sumiço das sinucas, em uma universidade abrimos um mundo de novas experiências e transar em cima das sinucas é uma experiência ótiiiiiima. E que a galera vibrou, aêêêê. Que uns gostosos com cara e sotaque de britânicos vieram em minha direção me agarraram, e enquanto eu gritava, nãão, nãao, parem, vocês são lindos demais para min, eles me transportaram para o céu, meio que flutuando e fizemos sexo nas estrelas. Depois de gritos eloqüentes que faziam chover na noite. Durmi. Quando acordei estava na cama com o Johnny Deep.
Ufa.