domingo, 28 de dezembro de 2008

Pago o amor dos que se doam para mim, e dou amor aos que se vendem. acordo como que querendo algo que não existe em mim, carinho. Sambarei no teu tórax novamente, sempre que as tuas carnes fracas recaírem, como no de todos os outros que virão e nos que se apagaram.
Podia ter nascido uma pessoa melhor, mas sou aquilo que quando me dou por mim vocês têm medo de mostrar. Sou um sexo papai/mamãe careta transvestido em fantasias escondido em algum motel de luxo. E só ando para frente. Não sou filho extraviado da Suíça, muito menos um amigo pseudo-intelectual carinhoso, nem um irmão assim assado e jamais serei um amante verdadeiro. Essa lição a vida não me ensinou. Somos movidos, eu e o meu sexo, salvo que o último tem mais razão, por ondas externas a qualquer comparação desprezível que vocês possam fazer.
Podia ter nascido uma pessoa boa, daquelas que cuidam bem do corpo. Eu bebo, fumo e faço sexo sem amor. Vou morrer cedo, em alguma cama. Mas que isso não se siga, quero morrer num palco onde sou eu e minha verdade, sem os arrependimentos ou ressaca moral com que alias minha mente nunca se preocupou em provar, mas que existe em algum lugar da minha consciência equivocada.
Agora durmo, como se nada tivesse acontecido, e peço desculpas como se tivesse pingado vinho no seu vestido branco, sem nem sentir. A vida também me ensinou a pedir desculpas corriqueiramente, como quem diz por favor.

Então, desculpa?

Agora, deitado a cabeça no travesseiro, já nem lembrando por que escrevo, peço que o teu sono, Maria, me tome e me leve, por amor ou seu andar, assim seja.

domingo, 14 de dezembro de 2008

E nós

talvez possamos escrever no grande quadro-negro incolor do espaço, como alunos aplicados, as primeiras palavras inexistentes da poesia que não foi.

novembro de 1964

terça-feira, 25 de novembro de 2008


Não se aproxime de min.
Não estou conseguindo dividir sorrisos com as pessoas que gosto.

Eu devo desculpas por causar em mim essa confusão que afeta vocês, não queria que eu estivesse assim, mas é involuntário. Eu nunca soube dar valor as pessoas realmente importantes. Acho que fez parte da minha criação. Talvez, por dentro eu seja uma pessoa bem ruim. e vocês estão percebendo isso agora, por que estão bem perto de mim, entre minha carne quase me rasgando.

E sobre você, tenho uma lista de motivos e um texto já ensaiado para terminar essa história, mas, sei lá, tem algo em você que deixa tudo tão pequeno, algo que talvez falte em min.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Estamos em tempo de festa, comemorações, amores, todos.
Tempos de pensar, de sentir, fazer, e assistir.
Estamos juntos isso me importa. Muito.




Estou indo para um show, agora neste exato momento escrevo pensando no meu banho já atrasado a espera de carona; não sei se será um bom show, não sei se deveria sair. Mas, comprei o ingresso, e trinta reais custa muito pra mim --'
Então nos vemos lá, cantando a única música que sei.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Basta que sejamos nós, e tudo estará completado.




-acho que fomos a inspiração de algum autor famoso no século XVI, sabia?
-e voltamos em um versão mais diferente no século XXI?
-é...igualmente amantes, porém.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Estou frente a essas palavras novamente, buscando qualquer desculpa para não estudar, mesmo que precise, não sei a razão de estar assim, só sei que cansei, cansei de procurar alguém interessante de fato, quando busco a beleza o resto é uma merda, e quando não a busco, o resto é pior ainda. Crio situações e emoções imaginárias para suprirem minha vida estagnada, confusa e chata. Faz-me necessário qualquer coisa que me mexa o coração, que me transforme, que me adube.
Estou pó. Soam falsos meus passos e meus dizeres, me esqueçam. Faz-me necessário qualquer coisa diferente do que sou, do que faço. Se eu sumir, fiquem felizes, estarei melhor do que agora, do que aqui, do que assim.


- É a primeira vez que fico com alguém da Universidade, sabia?
- Huum..(Hesita) É.. Eu também
-Mentira!
-Sério!
-Então por que esse tempo psicológico pra responder.
-É que o fica que eu tive aqui não valeu.
-Por que não?
-Me pagaram.
-(Paralisado) Hãn?! Não acredito. Você ficou com alguém por dinheiro?
-Porra, foram 100 reais!
-(Pensei que você valia mais) É...
-Mas num rolo nada, só sexo.
-Nossa sério ¬¬ Só Seeexo.
-Ah vai esquece, por favor.
-Ta não se preocupa. (Me enganei de novo)

...

-Casa comigo?
-Quanto você me paga?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

- Sim,e o que aconteceu com a Hilary Clinton ?
- Escolheram o Obama.
- Não, mas... num era ela contra o Obama.
- Não, eles são democratas.
- E..
- Escolheram o Obama para disputar com o McCain.
- E ela? Sumiu?
- Num sei, só sei que ela é mulher do Bill Clinton, aquele que chupava o pau das secretárias.

domingo, 2 de novembro de 2008

- Estupidez por estupidez, não nos falaríamos mais.
- Essa foi diferente
- Tu que fica com raiva por qualquer coisa
- Dessa vez teve umas coisas mais importantes em jogo
- Tipo o que?
- Coma e álcool

sábado, 1 de novembro de 2008

O que preciso ouvir;

Ah, se já perdemos a noção da hora, se juntos já jogamos tudo fora. Me conta agora como hei de partir. Ah, se ao te conhecer dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, rompi com o mundo, queimei meus navios. Me diz pra onde é que inda posso ir, se nós nas travessuras das noites eternas já confundimos tanto as nossas pernas. Diz com que pernas eu devo seguir, se entornaste a nossa sorte pelo chão, se na bagunça do teu coração meu sangue errou de veia e se perdeu. Como, se na desordem do armário embutido meu paletó enlaça o teu vestido e o meu sapato inda pisa no teu. Como, se nos amamos feito dois pagãos, teus seios ainda estão nas minhas mãos. Me explica com que cara eu vou sair. Não, acho que estás te fazendo de tonta.Te dei meus olhos pra tomares conta, agora conta como hei de partir.

Obrigado,Chico.
Obrigado, Tom.


domingo, 19 de outubro de 2008

Jaz aqui uma pessoa incerta da segurança de seus dias, ontem tive motivos suficientes para não conter-me de alegria e pular abraçado aos meus amores, mas tive também que contentar-me a aceitar as ações de marginalizados tentando não culpa-los pelos seu atos covardes, colocando a culpa nesse sistema desigual, onde o homem não se encontra, nem se perde; se acostuma. Porém feliz de estar aqui, agora, não sei por que, sentando em frente a esta tela frenética de letras que vão surgindo descompassadas tentando exprimir-me crua e verdadeiramente, e não conseguindo.

domingo, 21 de setembro de 2008

Quisera eu ser um cirandeiro da vida, onde eu cirandançasse sem arrependimentos ou frustrações. Onde o sorriso fosse único em minha face. e que eu dançasse com todos, sem distinção de nada, apenas olhos nos olhos,verdade no canto e trapos na roupa. E que o meu canto fosse único e de todos ao mesmo tempo. Mas não sou um cirandeiro da vida, ainda. Por enquanto sou um cirandeiro de min, que vive errante, querendo aprender, e ao mesmo tempo impaciente com tudo que sei que podemos alcançar nesses infantis passos de ciranda.

terça-feira, 12 de agosto de 2008




Poucos artistas são tão importantes quanto Lenine Alencar no cenário atual da cultura Riobranquense. Lenine além de dirigir e atuar em alguns grupos teatrais, é o presidente da Federação de Teatro Amador do Acre - FETAC, que tem como objetivo auxiliar no trabalho de produção artística dos grupos teatrais. Com tanta responsabilidade em mãos, se imagina o quanto é difícil para o presidente da FETAC dirigir cerca 20 atores em cena. Mas ele o faz(para admiração de muitos), é Lenine Alencar quem assina a direção do Espetáculo Comedia Del'Acre, que entra em cartaz esse mês no teatro de Arena do Sesc. O Comedia é uma experiência difícil, e até arriscada, que surgiu por meio de uma oficina de teatro ministrada por Nonato Tavares (que tem um trabalho também admirado por muitos em Manaus, além de ser uma grande amigo de Lenine e sua Família), os adereços, os figurinos e boa parte da direção se devem a ele. Uma das coisas que se mostra interessante nessa montagem é uma mistura, um tanto quanto perigosa mas que se mostrou dar certo, de atores experientes com gente nova. Não será difícil ver atores como Sandra Buh, Tancredo Silva, o próprio Lenine Alencar( e a lista é longa) contracenando com calouros do teatro, mas essa mistura, muito comentada no Festival de Teatro, tem sido enriquecedora tanto para os novatos quanto para os mais experientes(para poupa-los de termos chatos). É uma temporada rápida, mas promissora pois antecede a apresentação em um festival de Porto Velho, que será a primeira viagem(de muitas, creio eu)com a peça. Então anotem aí: Dias 22, 23 e 24 de agosto, 20:00 horas, no Teatro de Arena do Sesc. Compareçam!











Sobre o enredo da peça?Digamos que um pouco da dramaturgia poética de Shakespeare, a Comédia pioneira de Aristófanes;e pra contrabalancear o Drama de Sófocles e a denuncia de João Cabral de Melo Neto; o poder tragicômico do Nelson Rodrigues, a folia de Marcio Souza; e costurando tudo isso Millôr Fernandes.
Ah, quer saber, só vendo mesmo ;)

Recomenda-se também:
A Cia. Trupe do Banzeiro apresenta no Theatro Hélio Melo, o espetáculo infantil “Mistério no Reino de Catiripimpim”.Todos os domingos deste mês, sempre às 17h. Entrada: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).

sábado, 9 de agosto de 2008

Malamados


somos triste,
e amamos pouco.
olhamos o mundo de cara fechada.
Cuidado! se encontrarmos um fio empurraremos seu rosto no chão.
Nascemos sem a pretensão da amizade e para que nos odeiem mais do que nos amem.
somos, se homens, barbudos e magros ( pois a gordura trás uma certa simpatia em suas dobras), se mulheres, somos finas e fechadas, feias quase sempre.
Somos o que você procura esconder ao nascer dos dias.
Somos, apenas nós mesmo,
e amamos pouco.


Audrey F.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Para os anjos meus.



'Vai menino, sonha! Sonhe com a alma da tua cor;viva com as emoções mais claras, e não deixes jamais, que te tirem essa vivacidade, esse presente que ganhastes quando concebido por Deus!Não deixes que os outros, com suas simulações o afete, ou pior, afete seus sonhos. Seja forte, como um homem de aço, e esconda, não para as pessoas importantes, um coração úmido e alto, alto de amor, alto de luz, alto de vida! Alto como seus sonhos'

Despedida

Permite que eu deseje, agora, tomado e vencido pelas urgências que de mim exigem, um canto de sono e preguiça onde ainda não se tenham inventado o telefone e o relógio. Deixa que eu seja pessoal em mais uma crônica para, ao medo das tarefas que se me impõem, querer, ardentemente, que não tirem do rol das pessoas úteis, que me esqueçam e que me abandonem, que me larguem, enfim, onde seja lícito viver ignorado e despercebido. Sinto-me vazio de poesia, esgotado de um resto de doçura que tanto prezava e, coagido pelos que revendem minhas idéias, dói-me o tempo e o esforço gastos, os ardis e os truques que emprego para arrumar palavras e construir frases de efeito. Lamento enganar a todas. Permite que eu deseje, agora, um silêncio que me contagie de tristeza, uma calma boa e definida para, num momento espontâneo e sossegado, escrever as grandes definições, as palavras que me envaideçam, os versos e as cantigas que me elevem, querida, à glória e à resolução do teu desmesurado amor. Através dessa janela vejo coisas que, antigamente, eram poderosas e fecundas. O céu repete o azul de tantas tardes acontecidas em maio, as últimas quaresmeiras do verão agonizam na saia do morro, os homens martelam a pedreira... e eu não sinto vontade de rir ou de chorar. Na rua, arrastando uma corrente eterna e incompreensível, passa mais um caminhão da Standard Oil... e eu não sinto nenhum vexame político, nenhuma revolta social. Por isso e pela descrença que em meu espírito se acentua, permite que eu deseje ser só — ou teu somente — num lugar do mundo onde os gritos não tenham eco, onde a inveja não ameace, onde as coisas do amor aconteçam sem testemunhas. Livrem-me da pressa, das datas, dos salários e das dívidas e a todos serei agradecido, num verso submisso. Livrem-me de mim, de uma certa insaciabilidade que apavora e de todos serei escravo numa humilde canção. Permite que eu só queira, agora, esse canto de sono e preguiça, onde não necessite dos atletas, onde o céu possa ser céu sem urubus e aviões, onde as árvores sejam desnecessárias, porque os pássaros se sintam bem em cantar e dormir em nossos ombros.

Meu Maria

quarta-feira, 16 de julho de 2008










A BRAVO! tem me apresentado pessoas interessantes, umas controversas, outras mais transgressoras. Mas nenhuma me fascinou tanto, principalmente nas artes plásticas, como Marcel Duchamp. Ele foi mais que um gênio, foi um Gênio Visionário. Assim, como com alguns artistas que influenciaram novas gerações, a arte contemporânea pode ser classificada como a Arte depois de Marcel Duchamp.


Com Duchamp nasceu a idéia de que uma obra só
está completa quando a ela se
soma a interpretação do outro — no caso, o
espectador. O maior artista do século
20 chegou a usar a expressão “arte
retiniana” para definir as criações de seus
antecessores, voltadas para a
pura admiração da imagem captada pelos olhos. Ele
não se contentava mais em
jogar apenas com a visão: estimulava uma verdadeira
troca intelectual com o
admirador de suas peças.




Ele não desejava levar arte às massas nem
beleza ao cotidiano. Estava interessado em pensar, e pensar com companhia. O
mais claro e contundente convite de Marcel Duchamp nesse sentido são os
ready-made. Ao tirar um objeto comum de seu contexto usual e elevá-lo à
categoria de arte, ele anunciava ao mundo: a habilidade manual do artista já não
basta para definir uma obra. Na nova realidade, tomada pelas mais diferentes
possibilidades de reprodução, o pensamento do autor por trás de seu trabalho —
enfim, a sua idéia — se torna o mais importante.




Instalar, portanto, uma roda de bicicleta sobre
um banco era um jeito de fazer com que o espectador deixasse de vê-la como parte
da bicicleta e passasse a admirá-la por seus contornos — e só. A escolha do
objeto que sofria esse deslocamento partia do artista, e isso ganhava
valor.







Recomendo-vos BRAVO! ,


e o quanto quiserem de Marcel Duchamp.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Como são tristes essas pessoas que se emprestam às outras em busca de prazer.
Essas jamais, saberão o sabor de amar. Ou talvez se tarde aprenderem, já terão perdido os mais belos amores e as mais belas noites. Não terão olhado todas as estrelas, e nem se pegarão surpreendidas com um beijo interrompendo sua explicação sobre a ursa maior, ou sobre o Cinturão de Órion( nessa hora isso pouco importa). Pobre desses, que nunca beijaram, e pensam que um beijo se aprende. Não! Beijos acontecem e não se encaixam; As pessoas se encaixam e o beijo é só uma desculpa. Talvez essas pessoas nunca saibam o que é sentir seu coração parar por alguns segundos quando se encontra alguém, mesmo que muitos corações já tenham parado por elas.

Elas são tristes e não sabem amar, e se escondem, sob um sorriso falso e cantadas armadas.
Essas pessoas sofrerão eternamente, mas nunca sofrerão de amor. Há destino mais triste?

E por essas, eu só lamento.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ausência
Carlos Drummond De Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

- É incrível, como eu me sinto nu, quando leio Carlos Drummond.É como se ele explicasse em palavras aquilo que sinto, intensa e permanente em minha alma. E ao mesmo tempo em que a Ausência de Drummond é forte ali nas palavras, ela se torna igualmente forte aqui. No meu estado. No meu íntimo. Em min.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Último capítulo
Machado de Assis

Há entre os suicidas um excelente costume, que é não deixar a vida sem dizer o motivo e as circunstâncias que os armam contra ela. Os que se vão calados, raramente é por orgulho; na maior parte dos casos ou não têm tempo, ou não sabem escrever. Costume excelente: em primeiro lugar, é um ato de cortesia, não sendo este mundo um baile, de onde um homem possa esgueirar-se antes do cotilhão; em segundo lugar, a imprensa recolhe e divulga os bilhetes póstumos, e o morto vive ainda um dia ou dois, às vezes uma semana mais. (...)

(...)Hoje, almocei, fumei um charuto, e debrucei-me à janela. No fim de dez minutos, vi passar um homem bem trajado, fitando a miúdo os pés. Conhecia-o de vista; era uma vítima de grandes reveses, mas ia risonho, e contemplava os pés, digo mal, os sapatos. Estes eram novos, de verniz, muito bem talhados, e provavelmente cosidos a primor. Ele levantava os olhos para as janelas, para as pessoas, mas tornava-os aos sapatos, como por uma lei de atração, interior e superior à vontade. Ia alegre; via-se-lhe no rosto a expressão da bem-aventurança. Evidentemente era feliz; e, talvez, não tivesse almoçado; talvez mesmo não levasse um vintém no bolso. Mas ia feliz, e contemplava as botas.
A felicidade será um par de botas? Esse homem, tão esbofeteado pela vida, achou finalmente um riso da fortuna. Nada vale nada. Nenhuma preocupação deste século, nenhum problema social ou moral, nem as alegrias da geração que começa, nem as tristezas da que termina, miséria ou guerra de classes; crises da arte e da política, nada vale, para ele, um par de botas. Ele fita-as, ele respira-as, ele reluz com elas, ele calca com elas o chão de um globo que lhe pertence. Daí o orgulho das atitudes, a rigidez dos passos, e um certo ar de tranqüilidade olímpica... Sim, a felicidade é um par de botas.
Não é outra a explicação do meu testamento. Os superficiais dirão que estou doido, que o delírio do suicida define a cláusula do testador; mas eu falo para os sapientes e para os malfadados. Nem colhe a objeção de que era melhor gastar comigo as botas, que lego aos outros; não, porque seria único. Distribuindo-as, faço um certo número de venturosos. Eia, caiporas! que a minha última vontade seja cumprida. Boa noite, e calçai-vos!


Resolvi nada escrever antes do Machado, ele fala por si só.

- Hoje, nos apresentamos na Lourival Sombra( se me recordo bem.), com uma prévia do que poder vir a ser o "Todos os Amores". E garanto-lhes foi ótimo.

Então é isso, boa noite e calçai-vos, como eu a calçei essa tarde.

sábado, 3 de maio de 2008


Somos loucos, insanos. Procuramos na cidade a fantasia dos nossos sonhos.

Transformando-a num lugar menos sem graça pelo menos para os nossos corações sedentos de alegria.



TudoNumaCoisaSó

terça-feira, 15 de abril de 2008

Teatro Mágico - Eles também me arrancam suspiros :)

e os momentos em silêncio diziam muito, e os olhares encontrados, tímidos (sem dúvida), também diziam muita coisa; uma noite assim, não me fazia suspirar no dia seguinte, há um bom tempo. e agora confesso, que meus suspiros tem aumentado gradativamente, e tenho suspirado sem nenhuma hesitação, sem nenhum medo de suspirar, mesmo entendendo o perigo que eu corro a cada suspiro dado, a cada olhar desencontrado, a cada sorriso que me vêm ao lembrar de você.




- o que mais posso dizer?


Suspiros :)

segunda-feira, 24 de março de 2008


Estava interneteando e quando me dei conta estava vendo uns blogs de pessoas que eu jamais esperaria ter tanta sensibilidade, para expor seus pensamentos/sentimentos em um blog, e pior(ou melhor?) assumi-los! Sim, amigos, não assumo as palavras aqui digitadas, apenas alguns amigos, um na verdade, deve saber, se ainda se lembrar, que eu escrevo para um blog. Como dizia, olhando esses blogs me ocorreu a vontade de escrever aqui. As vezes acho que sou um reflexo do que vejo nos outros, dos que eles ditam sobre si mesmo.Ao passo que acho perder muito da vida, me impondo tabus, e podes e não podes, impondo o que devo gostar ou o que devo odiar, como se fosse para me satisfazer, mas eu apenas, me perco, e perco a vida.Perco de aproveitar tudo e todos, desde o que me irrita ao que me fascina.Na verdade, é que não nem um nem outro me irrita ou me fascina, talvez é porque eu queira ser tudo e acabo sendo nada, sou apenas uma grande incerteza dentro de min mesmo.

Se chegares a ler o que escrevo, ou por engano, ou por descoincidência, não procures lógica, a angústia de um coração não procura lógicas.


Porque da foto? E tem melhor maneira de esquecer o que nos perturba do que a arte?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Um pensamento rápido como você.

É tarde, e me domina um ar arrependido das coisas que poderia ter feito e não fiz. Do beijo que poderia ter sido mais doce, do abraço que poderia ter sido como se fosse o último de nossas vidas, da cama que poderia ter sido mais bagunçada. De você, que poderia estar aqui comigo.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Não procure entender a min ou as minhas palavras

Digamos que nessa madrugada o passado me trouxe boas risadas.
Lembrar, o que eu fazia, ou melhor, o que fazíamos.
Ri das besteiras que eu escrevia na minha agenda no ano de 2005, não muito diferente das que escrevo aqui no ano de 2007. Qualquer dia trarei umas para se juntarem a essas outras. Mas não é por isso que escrevo hoje, escrevo, por que temo, temo o carnaval e suas oportunidades. Temo o modo como elas podem corromper as pessoas, e seus sonhos, e como elas indiretamente abalam a vida de muitos. E a minha.
Não quero isso pra você.

No momento, escrevo, sem entender, sem por que, apenas escrevo, por que me faz bem.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008


Conheci o “Meu Maria” ano passado através de um musical, do qual jamais esqueçerei, encontrei no menino grande, alguém muito igual à min, ao menos em suas crônicas. E vos apresento agora, Antônio Maria por Vinícius de Moraes.

Morrer num Bar
Vinícius de Moraes
Na morte de Antônio Maria
"Aí está, meu Maria... Acabou. Acabou o seu eterno sofrimento por tudo, e acabou o meu sofrimento por sua causa. Na madrugada deste mesmo 15 de outubro em que, em frente aos pinheirais destas montanhas tão queridas, eu me sento à máquina para lhe dar este até-sempre, seu imenso coração, que a vida e a incontinência já haviam uma vez rompido de dentro, como uma flor de sangue, não resistiu mais à sua grande e suicida vocação para morrer. Acabou, meu Maria. Você pode descansar em sua terra, sem mais amores e sem mais saudades, despojado do fardo de sua carne e bem aconchegado no seu sono. Acabou o desespero com que você tomava conta de tudo o que amava demais: o crescimento harmonioso de seus filhos, o bem- estar de suas mulheres e a terrível sobrevivência de um poeta que foi o seu melhor personagem e o seu maior amigo. Acabou a sua sede, a sua fome, a sua cólera. Acabou a sua dieta. Aqui, parado em frente a estas montanhas onde, há trinta anos atrás, descobri maravilhado que eu tinha uma voz para o canto mais alto da poesia, e para onde, neste mesmo hoje, você deveria chamar porque (dizia o recado) não agüentava mais de saudades - aprendo, sem galicismo e sem espanto, a sua morte. Quando a caseira subiu a alegre ladeirinha que traz ao meu chalé para me chamar ao telefone eram nove da manhã - eu me vesti rápido dizendo comigo mesmo: "É o Maria!". E ao descer correndo para a pensão fazia planos: "Porei o Maria, no quarto de solteiro ao lado, de modo a podermos bater grandes papos e rir muito, como gostamos...”. E ainda a caminho fiquei pensando: "Será que ltatiaia não é muito alto para o coração dele?...”. Mas você, há uma semana - quando pela primeira e última vez estivemos juntos depois de minha chegada da Europa, numa noitada de alma aberta -, me tinha tranqüilizado tanto que eu achei melhor não me preocupar. Eu sabia que seu peito ia explodir um dia, meu Maria, pois por mais forte e largo que fosse, a morte era o seu guia. Outra noite, pelo telefone, ao perguntar eu se você estava cuidando de sua saúde, você me interpelou: "Você tem medo de morrer, Poesia?". "Medo normal, meu Maria", respondi. "Pois olhe: eu não tenho nenhum", retorquiu você sem qualquer bravata na voz. "Só queria que não doesse demais, como na primeira crise. Aquela dor, Poesia, desmoraliza." Mas como eu descesse - dizia - para atender à sua chamada, e atravessasse o salão da casa-grande, e entrando na cabine ouvisse (como há catorze anos atrás ouvi a voz materna) a voz paternal de meu sogro que me falava, preparando-me: "Você sabe, Antônio Maria está muito mal...": e eu instantaneamente soubesse... - justo como naquela época soube também, quando a voz materna, em sinistras espirais metálicas, me disse do Rio para Los Angeles: "Sabe, meu filho, seu pai está muito mal..." - o nosso encontro marcado deu-se numa dimensão nova, entre o mundo e a eternidade: eu aqui; você... onde, meu Maria? - onde? Ah, que dor! Agora correm-me as lágrimas, e eu choro embaçando a vista do teclado onde escrevo estas palavras que nem sei o que querem dizer... Há uma semana apenas conversamos tanto, não é, meu Maria? Você ainda não conhecia minha mulher, foi tão carinhoso com ela... Tomamos uma garrafa de Five Stars no Cháteau, depois fomos até o jirau e terminamos no Bossa Nova. Eu ainda disse: "Você pode estar bebendo e comendo desse jeito?". "Por que, Poesia? Não há de ser nada... Qualquer dia eu vou morrer é assim mesmo, num bar..." Eu só espero que não tenha doído muito, meu Maria. Que tenha sido como eu sempre desejei que fosse: rápido e sem som. Mas é uma pena enorme. Você tinha prometido à minha mulher, a pedido dela, que recomeçaria hoje, nesta quinta-feira do seu recesso, no seu "Jornal de Antônio Maria", o seu "Romance dos pequenos anúncios", que foi uma de suas melhores invenções jornalísticas e onde eu era personagem cotidiano: você sempre a querer fazer de mim, meu pobre Maria, o herói que eu não sou. Mas por outro lado, sei lá... Você disse nessa noite, à minha mulher e a mim, que nem podia pensar na idéia de sobreviver às pessoas que mais amava no mundo: sua mãe, seus dois filhos, suas irmãs e este seu poeta. "E Rubem Braga...”, acrescentou você depois, brincando com ternura. "Eu não queria estar aí para ler quanta besteira se ia escrever sobre o Braguinha..." Não irei ao seu enterro, meu Maria. Daria tudo para ter estado ao seu lado na hora, para lhe dar a mão e recolher seu último olhar de desespero, de maldição para esta vida a que você nunca negou nada e o fez sofrer tanto. Daqui a pouco o sino da casa-grande tocará para o almoço. Verei minha mulher descer, triste de eu lhe ter dito (porque ela dorme ainda, meu Maria ... ) e de me deixar assim sozinho, sentado à máquina de escrever, com a sua morte enorme dentro de mim. 15 de outubro de 1964"

Nada vos poderei dizer mais. Apenas que viajem nas linhas desses poetas.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

faz me um bem escrever neste momento

- a saudade assola meus pensamentos nesse momento, e é difícil escrever.

Ahh sim, a saudade. Essa sim é minha mais nova inimiga, a conheci depois de ter encontrado você; Como é bom uma paixão, essa que é quase um intermédio do amor. Mas amar para sentir falta, pra sofre, não amar por amar. Jamais, amar por amar! É amar com todos os poros, com o ar, com o vento, com a noite; e não amar a pessoa, só, mas o momento e tudo que o completa; o tempo foi meu inimigo, mas a lembrança me será fiel;minha cama ficou grande;
se for muito lembrarás de min como uma diversão e eu aqui do outro lado, de ti, como algo inesquecível. Mas amei, tive medo, receei e vivi. Talvez não como tu, mas como eu nunca tinha vivido antes.