segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Poesia e prosa

Pode-se escrever em prosa ou em verso.
Quando se escreve em prosa, a gente enche a linha do caderno até o fim, antes de passar para outra linha.
E assim por diante até o fim da página.
Em poesia  não:  a gente muda de linha antes do fim,
deixando um espaço em branco antes de ir para a linha seguinte.
Essas linhas incompletas se chamam versos.
Acho que o espaço em branco é para o leitor poder ficar pensando.
Pensando bem no que o poeta acabou de dizer.
Algumas vezes, lendo um verso, a gente tem de voltar aos versos de trás para entender melhor o que ele quer dizer. Principalmente quando há uma rima, isto é, uma palavra com o mesmo som de outra lida há pouco.
Então a gente vai procurá-la para ver se é isso mesmo.
A prosa é como o trem, vai sempre em frente.
A poesia é como o pêndulo dos relógios de parede de antigamente, que ficava balançando de um lado para o outro.
Embora balançasse sempre no mesmo lugar, o pêndulo não marcava sempre a mesma hora.
Avançava de minuto a minuto, registrando a passagem das horas: 1,2,3, até 12.
Também a poesia vai marcando, na passagem da vida, cada minuto importante dela.
De tanto ir e vir de um verso a outro, de uma rima a outra, a gente acaba decorando um poema e guardando-o na memória.
E quando vê acontecer alguma coisa parecida com um poema que já leu, a gente logo se recorda dele.
Geralmente, a prosa entra por um ouvido e sai pelo outro.
A poesia, não: entra pelo ouvido e fica no coração.

José Paulo Paes

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