domingo, 25 de outubro de 2009

Nem tudo foi do jeito que era pra ser. Não teve amor. Não teve paz. Eu imaginava uma coisa diferente, com muita luz, muita nuance, com situações estranhas nos aproximando. Ah, eu imaginava o céu bem próximo quando nos beijássemos. Imaginava o seu peito batendo perto dos meus pensamentos, enquanto descansávamos nossa felicidade no chão da sala. Lá fora podia chover, fazer sol, ventar nada importava. E eu me sentiria com uma certeza única de estar seguro. Mas isso seria o resultado, depois de termos passado por vários mal entendidos. Depois de termos brigado, sofrido, se reconciliado. Uma reconciliação única, eu imagino você chegando do trabalho cansado e triste por não estar comigo, e eu uns quarteirões atrás me remoendo por dentro enquanto fazem uma festa no meu quarto, eu sem saber o que fazer, o que esperar, sendo só insegurança e mais nada. Até que como quem bebe e cria coragem, eu saio correndo quarto a fora sem dar satisfação a ninguém, e sem ninguém se importar com meu desespero por que sabem muito bem para onde eu corro. Corto as esquinas, a brisa é forte e corta os lábios que tanto querem ser seus. Paro esbaforido frente ao seu prédio, olho a única janela que me interessa, e você está lá, como se me esperasse. E mais uma vez eu me encontro fazendo o papel desse romeiro, que tanto me persegue. Não falamos nada, por que não precisa. Ali nós dois temos a certeza de que somos um do outro, e que o mundo pode acabar, por que até aquele momento a vida já teve sentido por demais.
E depois de tudo isso passar por nossas cabeças, você iria sorrir, e eu iria morrer de paixão mais uma vez. Então você desceria as escadas para me buscar, pararia alguns segundos ao ter a certeza de que era eu mesmo ali e me abraçaria perdidamente, um gesto tão forte que acordaria algumas luzes vizinhas. Nós subiríamos os degraus sem sentir e cairíamos no chão do nosso desejo, ao fechar a porta do seu esconderijo. O depois não precisaria importar.

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