sábado, 12 de setembro de 2009

Joana Antunes

A partir de então Joana Antunes conservou o hábito de lavar a roupa do amor com as jasmins do quintal e estende-las na sacada para apreciar o voo dos lençóis enquanto, no seu apartamento vazio, fumava escondido o cigarro de sua solidão.


Sentada Joana Antunes lembrava dos amores contrariados, dos prazeres perdidos e não entendia porque merdas tinha chegado aquele extremo. O extremo de ser só. Como podia uma mulher dotada de conhecimentos encontrar-se assim, daquela maneira. De qualquer forma tinha a lembrança como uma companheira fiel. A verdade é que a vida de Joana Antunes a transformou em uma mulher nostálgica. Sentia falta de tudo, e o cheiro de jasmim lhe lembrava os amores da vida e a malícia infantil.


Durante a infância sempre fora a primeira a propor as brincadeiras de desafios pois sabia muito bem onde iriam chegar, de forma que quando completou dez anos já havia visto quase todos os meninos de Vila Rica. Joana nascera para o amor, porém aos quatorze descobriu os prazeres das partes baixas com os rapazes do mercado, e enganou-se pensando que aquilo era amar. Esse engano perdurou a vida inteira.


Nenhum comentário: